Uma lagarta se escora
Sobre uma folha verdinha
Depois que come todinha
Deixa o talo e vai embora
Quando sente que é a hora
De fazer meditação
Se vira em adivinhão
Dependurada demora
Se transforma e vai embora
Encantada e feminina
Borboleta bailarina
Ninfa da brisa e da flora
Numa noite escura há
Criaturinhas que vagam
Luz acendem, luz apagam
Aqui, ali, acolá
Transformando um jatobá
Numa árvore natalina
Brilhantes de pérola fina
No pescoço de laia
Riscando pra lá, pra cá
Sem som, sem rosto e perfume
Pirilampo, Vagalume
Mosca de Fogo, Uauá
Balançando em suspenção
De fuzil engatilhado
Vai e vem desconfiado
Tarimbado em traição
Na ponta do seu ferrão
O gume da baioneta
O fogo da malagueta
E a quentura de um tição
Mestre cavalo do Cão
Tranca-rua e traiçoeiro
Marimbondo fuzileiro
Do quartel de papelão