Por aqui todos vão bem obrigado
Fazendo nada, fazendo o seu lado
Por aqui todos não sabem quem são
Não fazem planos, nem fazem questão
Por aqui andam
Sem pressa, na contramão e às avessas
Sedentos de sedução
Por aqui pagam
Promessa, pecado, aposta, remessa
E juros de plantação
Por aqui todos vão bem obrigado...
Por aqui pedem
Passagem, esmola, voto, massagem
E eterna disposição
Por aqui prezam
Imagem, pouca mudança e bobagem
Apadrinhado padrão
Por aqui! por aqui! por aqui!
Por aqui todos vão bem obrigado...
Por aqui roubam
Os trilhos, a inocência dos filhos
E a cena do bom ladrão
Por aqui quebram
O milho e mal encostam os cílios
Vem uma outra estação
Por aqui todos vão bem ou brigados
Fazendo cera, fazendo alambrados
Por aqui todos não sabem se vão
E em vão se ficam, nem fazem que estão
Por aqui vivem
Num trauma, na Solidão e na Palma,
Da mão que nega o perdão
Por aqui perdem
A calma, alguns trocados e a alma
No divã de um balcão