Onde eu nasci, hoje uma árvore nasceu, quem sabe se não sou eu encarnado na madeira
Talvez minha alma, porque também serei terra, naquele lugar me espera, em forma de uma paineira
Está verdinha como o verde da esperança, como quando fui criança, a minha mãe me embalava
Igual a árvore, que no vento se embalança, sobre o campo da lembrança, e eu pensei que não voltava.
Árvore, sobre o chão se fez raiz
Árvore num mourão também me fiz
Mourão, galho morto agora sou
Sobra, de uma arvore que secou.
Por sobre ela, hoje cantam passarinhos, beija-flor com fios fez ninhos, fios do tempo que passou
Meu lar, meu ninho de onde voei a vez primeira, na partida derradeira, de quem nunca mais voltou
Árvore nova, se sou eu que estou ali, guarde um lugar sob ti, pra descansar no meu fim
E guarde as flores que abrirem na primavera, e quando eu também for terra, deixe-as cair sobre mim.