Ando muito aborrecido, vivo triste amolado
De viver cá na cidade neste lugar apertado
Pois com este baruião eu não tô acostumado
Aqui não tenho sossego nem quando estou deitado
Quero ir pro meu sertão para viver sossegado
O meu ranchinho pra mim é um palácio encantado
Eu quero minha espingarda que tem o cano trochado
Minha viola de pinho e meu cavalo bragado
Agora por esses dia no trem eu tô embarcado
Quero morá lá na roça onde eu fui criado
Eu quero vê as morena do meu sertão brasileiro
Com seu vestido de chita arrastando pelo terreiro
Aqui só tem grã-finage por todo canto que vai
A gente já não conhece quem é fio de papai
Mais pra mim esses grã-fino deve viver de vento
Por fora bela viola por dentro pão bolorento
Pois até a minha irmã eu já tenho arreparado
Tinha o cabelo liso agora tá ondeado
Pinta as unha, pinta a boca, pinta os carcanhá rachado
Sei também que ela pinta o sete dos namorado
Vô escrevê uma cartinha pro meu compadre Mané
Pra chegá na estação e levá meus cacaréco
Meu lampião de querosene e o fogão de chaminé
Quatro peça da cozinha e o papagaio da muié
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)