Os mal amados que se agarram em qualquer coisa
Na queda ou na pedra, não me apego a nada
Mas gosto da cor, do sabor
E de tudo que for coisa
Faço das minhas, às vezes de quem quiser
A arte, a manha e a artimanha
A arte sem manha e manha sem arte
Nem caifás, nem judas e nem pimba
Ninguém mais ficou a salvo aqui
Nem Jesus, nem pedro e nem lampião
Ninguém fica vivo pra contar histórias
Tenho medo da próxima
Medo do próximo que vai falar
Não ele não veio salvar
Também não quis ser o mártir
E eu que não quero essa dor
E uma outra mentira humana demais
De pinóquio a pedro sem lobo e até pantaleão
Cada qual sua estória
Cada qual sua fala e até um bordão
Nas bebidas que eu vou tomar
Vou tentar evitar
Aparece mais quem eu fui
E o que'u posso me transformar
E até a prece que tomo
Pra quem toma de tudo, pra quem vai me aliviar
Barbas, cordas e pregos
Mártir, vítima e violação
Ecce homo, como na vulgata e aqui por que não
Parece que a prece aparece
E quem vai nos salvar
E se gregor soubesse
O que estava por acontecer
Acordava mais cedo pra ver a luz e o sol
Antes que a vida fosse anoitecer
Não ele não veio salvar
Também não quis ser o mártir
E eu que não quero essa dor
E uma outra mentira humana demais
Mais um blefe do tempo
Páginas e veias abertas
De um kafka flagelado
Atado e com a coroa de espinhos
E outro golpe da vida
Porque a gente esqueceu o seu valor
Uma formiga debatendo
As curtas pernas do saber
Feliz por ver sua bandeira em dia de parada
Pensa que é ghandi quem te deu tanta paz?
Parece (mentira)
Prece (da salvação)
Aparece (lá em casa pra ver)