Casa velha abandonada
Tão triste na solidão
Com as paredes tombadas
Telhas quebradas no chão
Coberta de pó e folhas
Ficou assim ao relento
Vai-se aos poucos demolindo
Com o vendaval do tempo
falado:
("Esta milonga me mata de saudade
do meu Rio Grande do Sul, minha chinoca!")
Curralama destruída
Em mourões de aroeira
Não tem mais a sombra amiga
Eaquela grande figueira
Onde outrora eu brincava
Em meus sonhos de criança
Quando nem se quer pensava
Nesta tristonha mudança
falado:
("A saudade do meu pago
está martelando um lugar bom do meu peito!")
Lá na bica o monjolinho
Não bate mais o pilão
Fugiram os passarinhos
Que pousavam no galpão
Acabou toda a beleza
Dessa fazenda encantada
Só ficando a tristeza
E vestígios de boiada
falado:
("O espelho da saudade eu vejo a todo o momento
Meu querido rincão gaúcho!")
O roseiral da varanda
De tristeza já secou
As cantigas de ciranda
Ninguém mais ali dançou
Minha quinta de fruteira
Já não tem mais passarada
Que em auroras fagueiras
Alegrava a peonada
falado:
("Adeus Rio Grande querido, até um dia se Deus quiser!")
Hoje vivo na cidade
Longe daquela morada
Comovido de saudade
Da festiva criançada
Que dos campos arejantes
Como pastagem reflorida
Aqui reclamo distante
Adeus, oh! terra querida
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)