Numa viagem que eu fazia
Há muitos anos passados
Montado no meu cavalo
Lá no alto do cerrado
Era uma tarde chuvosa
O céu estava nublado
O triste cantar de um carro
Que vinha vindo pesado
Ouvindo o carro cantando
E o carreiro a gritar
Na subida do grotão
A boiada a caminhar
A carga era pesada
Vinha vindo devagar
Parei na beira da estrada
Pra ver o carro passar
Apeei do meu cavalo
E a boiada foi passando
Os tamoeiros ringindo
E a chuva estava molhando
Carregado de madeira
Pra cidade ia levando
O carreiro era um menino
Que os bois ia tocando
Perguntei para o menino
Pra que você vai
Com este carro sozinho
Aonde está o seu pai?
Ele respondeu chorando
Há tempos não vejo mais
O meu pai já faleceu
Há muitos anos atrás
Meu pai morreu carreando
Lá no alto do espigão
Fiquei com minha mãezinha
Sou o mais velho dos irmãos
Esse carro que matou
O meu pai do coração
Com este carro assassino
Que eu ganho nosso pão