Vez em quando chora mansa
Vez em quando dá risada
Sente cosca nas ilheiras
Se abrindo em gargalhada
Um floreio sai do oco, no zumbido da colmeia
E a canção se faz gaúcha no roncar da veia
No molejo que se fecha e se abre pelo fole
Vai a gaita serpenteando qual tatu do rabo mole
Tem um ronco de bugia parecendo estar no cio
Que sussurra pacholenta no cutuco do bugio
Traz na fala a gaita veia
Com verdades no relato
Ecoando noite adentro
Feito peleia de gato
Quando a gaita sai da caxa
Bota espuma na barranca
Faz até sapateador
Dançar chula de tamanca
E qual potra redomona
Sapateando na flexilha
Que assim ronca veiaqueando
Quando laço nas virilhas
Mas também é china mansa cariciada pelos dedos
E se entrega suspirando numa cama de pelegos
No rio grande aquerenciada
Fazedora de canção
Revelando em cada nota gauchesca fonação
No milagre dos acordes não embucha na traqueia
E assim vou fazendo pátria
Quando ronca a gaita véia