Há um silêncio novo diferente
Que não o de plateia em atenção
É a falta da presença, simplesmente
De quem esperançou por devoção
No canto da quíchua tucumana
O povo tinha vez e tinha voz
E a pátria, um aconchego onde se hermana
O sonho de igualdade sem algoz!
No dom que fez calarem baionetas
Plantou raiz de fé, justiça e paz
E o vento carregou cada semente
Que brota onde a verdade se refaz
Rufem os tambores retrecheros
"la negra" não se cala feito eu
Rufem os tambores mensajeros
O canto camponês é teu e meu
Rufem no dialeto dos legueros
Haydée mercedes sosa não morreu!
Os deuses, libertários, mal saciados
Resgatam luz e voz, sem escarcéu
No exílio do seu corpo, já cansado
La negra bateu asas para o céu!
Seu canto, rijo, pleno de ternura
Mesclou a geografia cultural
Se a vida é desigual, truncada e dura
Um povo, quando nasce, é todo igual
Quem pensa com olhar das prateleiras
E arrenda os amanhãs do continente
Haydée mercedes sosa: uma guerreira
Renace por la sangre de la gente