Um berro de touro se afunda na grota
E ao longe rebrota num rancho perdido
Recuerdos vividos de um tempo sem volta
Na mente saudosa de um velho esquecido
Do guri levado, mas bueno no arreio
Que tropeava anseios de piá campesino
Do moço teatino que andava sem freio
De estância em estância seguindo o destino
Das tropas graxudas que botou na estrada
Rumando as charqueadas por dias a fio
Com sol, chuva ou frio, a guapa peonada
Repontava as horas no mesmo assobio
Hoje o velho é tropa rumo ao saladeiro
Que os anos traiçoeiros repontam sem gritos
É assim despacito que um taura campeiro
Se vai do rio grande tropear no infinito
Das rondas que fez pela vida afora
Revê nas esporas a mais bela estrela
Que ansiava em vê-la ponteando as auroras
Pra fazer coplitas a velha sinuela
No homem que um dia viveu esperanças
Sobrava confiança, brotavam quimeras
Mas das primaveras só restam lembranças
E alguns sonhos mortos num peito tapera