Sempre quando chega a madrugada,
Me acompanha esse tormento,
Lembranças desse pobre boiadeiro,
Desgastado pelo tempo,
Estrada boiadeira que hoje é lenda,
Estrada de chão batido,
Comitiva, boi berrando no estradão,
Meu velho sertão perdido,
Quantas noites no clarão da lua cheia,
E à beira da fogueira o chimarrão,
Versos dedilhados na viola,
Faz tremer qualquer peão,
Travessia perigosa do araguaia,
O estouro da boiada ao entardecer,
Viagens infindadas mundo afora,
Saudade da poeira faz doer.
Com o peito rasgado, me restou essa mágoa,
E meus olhos choram, feito rio que deságua,
Olhando num canto,
Esquecido a traia de um peão ferido,
Na lembrança cansada, com a viola na mão,
E um peão sem diploma, que perde a profissão,
Escrevi essa moda,
Sentindo saudade, do meu sertão perdido.
Tempo na história que não volta mais,
Tantas lembranças deixadas pra trás,
Memórias guardadas de um triste peão,
Pelo tempo traído,
Pendurei minha espora, a guaiaca e o chapéu,
O meu velho laço, conpanheiro fiel,
No arreio surrado,
Deixado de lado com meu sertão perdido.
Quantas noites no clarão da lua cheia...
Tempo na história que não volta mais...