Meu pai me falava de Mar de Espanha
Aliás, não falava...deixava no ar...
e eu,um sorriso no canto da boca,
Fantasia solta, deixava voar
E navegava em sonhos nos cinco sentidos
Cruzava as montanhas de Minas Gerais
E ao conhecer então, os meus primeiros medos,
Voltava ao calor da casa de meus pais
Meu pai ás vezes era uma figura estranha,
Capaz de um carinho, depois de espancar.
Meu pai me falava de Mar de espanha,
Como quem falava de Pasárgada
Seu riso orgulhoso ao ouvir minha música
Descoberta nova, herança feliz
não entendí meu pai, guardar seu clarinete
E vende-lo,calado, a um jovem aprendiz
A veia do artista,as mãos do operário,
Meu pai me passava, em se aperceber
seus sonhos, seus medos, sua Mar de Espanha,
Seu grito calado, que não vai morrer.