A chuva trouxe segredos
No novo viço do pasto
E semeou na terra negra
A 'vida' em forma de cascos
Nos lentos passos que formam
No úmido chão da mangueira
A moldura mais crioula
Pra uma pintura campeira
Que se mostra frente aos olhos
De quem madruga primeiro
Pela paciência dos anos
Que o tempo chamou Sogueiro
E despertava o silêncio
Que antes dormiu na coxilha
Trazendo o tranco dos mansos
Que o campo abriga em tropilha
E sobre as marcas no barro
Que revelam a cada passo
Fica um relato de antes
Na rude imagem dos cascos
Que há de ser mais do que um quadro
Que a terra ajudou pintar
Ou uma outra face pra vida
Depois que o barro secar
São formas madrugadeiras
Reculutando a paciência
Do tempo que arma o laço
Pintando o céu e coxilha
E o espelho da mangueira
Traduz da noite pra o dia
Como se fosse um campeiro
Pintando um quadro da vida
Cada uma traz um marco
Plantado de movimento
Sensivelmente marcado
Pelo campo e sua razão
Cada uma é a impressão
Da existência no pago
Deixado a cada passo
Na talha bruta do chão
Pena que as marcas do mundo
Não tem fé simples de barro
Que não fere carne e couro
Somente molda o formato
Daquilo que pode ser
E aquilo que vai viver
A cada amanhecer
Na ponta verde dos pastos