De há muito andava em mim
Toda saudade que canto
Ventos, caminhos, aguadas
Cada intenção de guitarra
Madeira, vida e encanto
De há muito pulsava em mim
Um coração de campo
Era inocente manhã
Primaveriada em pitangas
No doce olhar perfumado
De sonhos, vida e infância
Como a que guardo por dentro
Mais que meu tempo ou razão
Na forma plena que a alma
Me presenteou, coração
Encontrei entre as memórias
Das taperas de joelhos
Rezando a saudade gastada
Dos que habitaram seu tempo
Na forma do entardecer
Que o céu pintou numa prece
Coração que num sol pôr
A paz do campo oferece
De pedra, terra e madeira
Tenho as raízes timbradas
A fé do barro me alcança
Nos manantiais e aguadas
E por galpões e estâncias
Por realeza de estradas
Antes de mim, coração
No campo verde da alma
E no enredo de embiras
Dos payonais mais secretos
Por entre a criada das folhas
Pulsou em mim seus segredos
De outras vidas já o tinha
Verdejando sob a alma
Basto, rumores de terra
Na madeira das guitarras
Pra que pulsasse em meu peito
Todo o antigo que andava
E apontasse os meus rumos
Na milonga das palavras