Aqui no povo, faz anos, na beira do rancherio
Sobre um potreiro vazio se armou um toldo de ciganos
Eu, rapazote aragano, sem plata e sem bendição
Estendi a minha mão pra sorte me fazer planos
Estendi a minha mão pra sorte me fazer planos
Depois, me fui pra campanha
Onde meu pai era peão
E estendi a mesma mão
Pro arreio que me acompanha
Queimei o couro da palma a pealos sem tirador
Engrossei a pele d'alma nos cabos de arreador
Perdi o desenho de volta nas voltas do maneador
E o M da mão canhota tironeando sentador
Perdi o desenho de volta na volta do maneador
E o M da mão canhota tironeando sentador
Curei, das mãos, as feridas
Nos barros de corredor
Borrei a linha da vida
Com tinta de sangrador
Tirei moirão pra alambrado
Ferrei roda de carreta
Senti o coice do arado
E o coice de algum sotreta
Diz que a vida na campanha
Parece cruzar mais lenta
Mas até moirão de Angico
Um dia, o tempo arrebenta
Mas até moirão de Angico
Um dia, o tempo arrebenta
Peguei na mão do meu pai, quando meu velho partiu
Vi um caminho apagando como secura de rio
A espinho, barro e farpado, linha da vida sumiu
Como é fácil ler a sorte de um guri do rancherio
Ela pegou minha mão
Disse: Campeiro! E sorriu
Cigana pegou as moedas
Disse: Campeiro! E sumiu
Ela pegou minha mão
Disse: Campeiro! E sorriu
Cigana pegou as moedas
Disse: Campeiro! E sumiu
Depois, me fui pra campanha
Onde meu pai era peão
E estendi a mesma mão
Pro arreio que me acompanha
E estendi a mesma mão
Pro arreio que me acompanha
E estendi a mesma mão
Pro arreio que me acompanha