foi no silêncio que você entrou
preenchendo os versos das minhas canções
as cartas de amor
o ventania espalhou na areia
da praia cinzenta
os poemas
onde minha palidez foi revelada
são de histórias de alcova
todas escritas
na intimidade do
cárcere
eu sai da prisão
receptiva aos abraços
que se seguiram
em cada jardim
criei um afeto,
revelei segredos
chorei nos braços de estranhos
descansei nos poros de um jardineiro,
que cultivava margaridas
mãos generosas me acolheram
ainda descanso no colo de uma mendiga que
que divide comigo seu farnel
ainda tenho medo do escuro
a luz do fim do corredor esta acesa
como um espantalho
que afugenta o fantasma
adormecido nas curvas da minha cintura