Deixa esse rei passar sem pedir licença
Deixa ele mandar com severidade
Nessa impunidade só posso aceitar
Esse rei mandar nas minhas verdades
E quem vencer esse rei eu tiro o chapéu
O tempo é um rei, um rei muito cruel
Quem vencer esse rei eu tiro o chapéu
O tempo é um rei, um rei muito cruel
Fim de carnaval é sempre aquela tristeza
Eu varrendo a calçada limpando a poeira
Nessa triste escola fui a porta bandeira
Rodei a noite toda, rodei a noite inteira
Vi tudo que incendeia, incendeia sem razão
O cachimbo, as favelas, o meu coração
Choro, mas canto o meu pranto e sambo
Tentando contornar e o tempo descompassando
O peito do malandro chora junto com a cuíca
O tempo atropela e pouca coisa fica
Benito já dizia e eu sei como é que é
É do jeito que ela manda do jeito que a vida quer
E o tempo vai, vai... Comanda seu império
E se ele levar tudo, recomeço do zero
Passei com a minha dor, em meio ao teu sorriso
A flor e o espinho, juntos nesse caminho
Salve Nelson cavaquinho, Cartola gratidão
O sol nascerá sempre em meu coração
Irmão não tem tempo ruim não pra essa gente
Guerreira, saudosa, na comissão de frente
Que busca a evolução no raiar de cada dia
Chora, sorri, sempre em plena harmonia
Meu samba enredo é minha fantasia
Gente bamba dança conforme a batida
Bem que meu pai dizia, filha, tudo nessa vida passa
O tempo, o ponteiro, ninguém para
E olha só, até o meu velho passou
Foi quarta-feira de cinzas todo ano que restou
Mas assim que é, hoje eu posso entender
Que o velho tem que morrer e o novo tem que nascer
E com as lembranças rasgando no peito aqui fico
O choro do bandolim só deixa o samba mais bonito
E quem vencer esse rei eu tiro o chapéu
O tempo é um rei, um rei muito cruel
Quem vencer esse rei eu tiro o chapéu
O tempo é um rei, um rei muito cruel