O sonho mais belo que tive em criança
Foi ser algum dia um compositor
Louvar em meus versos o verde da mata
O canto da fonte, o orvalho na flor
Com quatorze anos deixei minha terra
E quase que a mágoa me mata de dor
Morei em palácio, em rancho de palha
Comi em banquete, vivi de migalha
Mas o itinerário de Deus nunca falha
Na grande batalha eu fui vencedor
Fiz grandes amigos em minha jornada
Sem ter preconceito de raça ou de cor
Fui incentivado em várias escalas
De mão de lixeiro a governador
Sou grato por tudo mas não vaidoso
As coisas da mente só tem um autor
Tal qual a aragem que ondula a campina
A onda serena que acalma e ensina
Embora imperfeito a mim ilumina
A graça Divina do meu Criador
Às vezes perguntam aos meus companheiros
Do grau de cultura que sou portador
Não faço campanha em meu benefício
Pra mim a modéstia tem muito valor
Sou filho dileto da simplicidade
Adoro a vida do interior
Viajo na escala do meu carrossel
De trem ou de bonde, impala ou corcel
E à minha cidade sou sempre fiel
Por Coromandel eu morro de amor
Na força sublime dos meus protetores
Conquisto amizades por onde eu for
Caminho tranqüilo, não temo a inveja
Quem não é maldoso não guarda rancor
Cultura não muda a alma da gente
Das coisas mais simples serei defensor
Os reis da intriga e as imperatrizes
Que se equilibrem nos próprios deslizes
Se livrem das peles de falsos juízes
E sejam felizes na paz do Senhor
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)