Vindo do sertão eu pude ver
Essas terras onde chove sem parar
D'onde eu vim não há colheita há se fazer
Busco um trampo honesto pra não arribar
Meu Deus
Sei que não vou voltar
Pra minha terra onde cresci e vi o mundo
Mas aqui eu vou crescer e prosperar
Sem avexar, sem ser quem vai parar
Um repentista, eu sou, vou trabalhar
Vendendo coisas com minhas rimas
O velho, o grão, o pó
Das ruínas o mundo novo é
Todo descaso e aberração
Ergue trazendo consigo maldita multidão
Dos pobres, bendita anunciação
Incrédulos são os nós
Da nossa partida terra
Que sufocam sem temer
Dentro do vagão é hora de estudar
Essas letras que me mostram carecer
Neste ano vou tentar vestibular
Benzadeus, meu fi, me vejo diplomar
Meu Deus
Sei que não vou voltar
Pra minha terra onde cresci e vi o mundo
Mas aqui eu vou crescer e prosperar
Sem avexar, sem ser quem vai parar
Um repentista, eu sou, vou trabalhar
Vendendo coisas com minhas rimas
Patativa do Assaré, mago da trova e do bem dizer
Sua permissão assim peço
"Quando um agregado solta seu grito de revolta
Tem razão de reclamar, não há maior padecer
Do que um camponês viver sem terra pra trabalhar"