Quem conhece uma milonga
Que fale muitas verdades
E tenha em si a ansiedade
De contar coisas ao mundo
Por certo é claro e fecundo
Naquilo que diz e pensa
E nunca foge a sua crença
De cantador por ofício.
Pois aprendeu fazer versos
Cruzando pelo universo
De Caetano e Aparício.
Quem aprende nunca esquece
Quem esquece, não entende
Que não se compra, nem vende
As verdades de um povo
Que nem tudo o que é novo
É melhor do que o de antes
Apenas trás os instantes
Que a vida tem desde o início.
Por estes caminhos gastos
De certo já havia rastos
De Caetano e Aparício.
A vida ensina o caminho
E eu resolvi ter o meu
E o coração entendeu
Que o destino não nos trai
Pois quem sabe aonde vai
Não cansa o cavalo á-toa
E sempre bebe água boa
Quem tem um rumo e munício.
E "às vez" há de ir sozinho
Só pra aprender o caminho
De Caetano e Aparício.
Talvez o tempo nos mostre
A vida num verso triste
Quem sabe a vida desiste
De ser apenas destino
E siga um verso teatino
Pra descobrir o sentido
Que nunca foi entendido
Da palavra em sacrifício.
Pois quem tem luz e razão
Tem na alma a inspiração
De Caetano e Aparício.