Flávio Mattes / Osvaldo Flores
Milonga
Quando as cortinas da noite cerra as portas do horizonte
A lua por trás dos montes vem surgindo despacito
Ali no oitão do ranchito dedilhando o velho pinho
Vou disfarçando aos pouquinhos a dor de viver solito.
Solito é que a gente sente como é enganosa esta vida
Quantas lágrimas sentidas choramos ao compreender
Que o lema amar e viver é falso e não tem valor
Pois desde o primeiro amor já se começa morrer.
Por isso eu vivo cantando enquanto a morte não vem
Já que não tenho ninguém para chorar a minha ausência
Vou pra divina querência açoitado pelos anos
Repontando os desenganos pela estrada da existência.
Só levo as reminicências, lembranças de outros dias
E as marcas das judiarias que minha prenda me fez
Mas se Deus que é tão cortêz me reencarnar novamente
Eu voltarei bem mais contente para lhe amar outra vez.