Foi lá em Patos de Minas
Que eu fiquei admirado
Vi num circo de rodeio
Um pagão endiabrado
Um burro todo crinoso
E que nunca foi tosado
Presente de um fazendeiro
Pro circo tinha ofertado
Em prazo de pouco tempo
O burro ficou afamado
O pagão era servage
Pois vivia só encostado
Perdido naqueles campos
Nas restinga alongado
Nunca tinha visto gente
Nos recanto foi criado
O burro dentro da arena
Ficou mesmo aprovado
O pagão era manero
O seu lombo era sagrado
Já não tinha quem montasse
E o burro tava abandonado
Quando Gerardino soube
Gaúcho classificado
Na classe de montador
Era o maior do estado
Despediu de sua mãezinha
Seguiu destino traçado
Chegando em Patos de Minas
No dia que foi tratado
Foi num domingo de agosto
O céu tava enfumaçado
O circo tava repleto
E os banco superlotado
Gerardino amontou
Conforme foi anunciado
O burro pulava feio
Até o ar foi de mudado
Gerardino tava encima
Dando conta do recado
O pagão não entregava
Tava tudo ensangüentado
Pra finalizá o encontro
Veja só o resurtado
O burro deu um corcovo
Caiu morto estribuchado
Gerardino caiu junto
Também morto arrebentado
Terminou os dois em vitória
Pois nenhum foi derrotado
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)