Ai, que saudades dos velhos tempos
Em que se andava calmamente pelas ruas da cidade
Pegar um bonde no tabuleiro da baiana
Era o costume tão bacana dos rapazes do passeio
Camisa branca, de colarinho, terno listrado de azul marinho
Chapéu de palha, sapato fino
E no cabelo sempre muita gomalina
Mas hoje em dia não se vê mais isso não
Ai, que sufoco pra pegar a condução
Não sobra grana nem pra gente ir a um teatro
E a gente vive com essa pedra no sapato
Mas, que diacho, ninguém escapa
E o nosso artista nunca passa de um programa de calouros
Olha a buzina, lá vem o rapa
E nessa surra, no puleiro quem apanha é sempre o povo
Seu delegado, eu sou honesto
Trabalho duro, me viro a breca
Na Tiradentes eu faço ponto
Nas horas extras eu ainda sou boneca
Diz quem me diz
Que eu sou solteiro e vacinado
Pago o meu pis
Tenho o meu fundo garantido
Gradualista muito bem remunerado
Ainda recebo honra ao mérito de otário