(letra JP Simões, música Sérgio Costa)
No quarto impecável, ao lado do corpo, a carta, com um último artigo a sair no jornal de domingo, no correio dos leitores, dizia assim: “Sou jovem, honesto, estudante, trabalho sou pago: eu pago os impostos, as letras, os juros, da casa, dos móveis, dos livros na estante, dos discos, dos filmes: que hei-de fazer? Eu vou ao cinema, eu leio poemas, gosto de ler! Eu voto, eu escolho, eu olho nos olhos dos casos, dos factos, das coisas concretas: eu não tomo drogas, não sou alcoólico! Eu estou preocupado e um pouco dorido ao ver que em várias revistas adultos, ministros, artistas, nas entrevistas da tv, demonstram que os jovens são brutos, boémios, incultos, autistas, não têm emprego, ou são arrivistas e mal educados: são tão depressivos, são tão destrutivos, que hei-de fazer? Com 23 anos já não faço planos: para quê fazer? Eu vivo da esperança na vaga mudança que nunca vai acontecer: eu não tomo drogas, não sou alcoólico!”.