A força é desconhecida e é divina
Das veredas abissais
É força libertadora e herculina
Das mansões celestiais
Sonhos são descomunais
Não há quem saiba o que são
Dão na cara da razão
Mostram ao cabra o que ele é
Pegam a arte pelo pé
Deixando a mente mais pura
Se transformando em loucura
Prazer do homem de fé
O triunfo da razão é deletério
Deve escravizar o ser
Enquanto o sonho, a loucura e o mistério
Revelam luz e prazer
Podem nos oferecer
O dom do imaginar
Podendo assim alcançar
O que de fato interessa
Não há homem que não cresça
Sonhando e endoidecendo
Para ir se desfazendo
Da sua vida pregressa
Nos meus sonhos repetidos
Eu sempre avisto o sertão
Imerso em assombração
Em versos, contos perdidos
Como os reinos esquecidos
Como quem foi e não é mais
Jogado em tempo fugaz
Pra reviver só em sonho
Sentindo o peso medonho
Do mundo liso e voraz
Vejo Severino Pinto
Cantando com Antônio Marinho
Beatos pelo caminho
Grimórios desenterrados
Eremitas tresloucados
Magias prodigiosas
Lembranças miraculosas
De Portugal e Espanha
Em psicose tamanha
Sandices maravilhosas
Eu sou a mãe dos prazeres
Inimiga dos saberes
Sou a delícia nos seres
Sou a algoz da razão
Eu sou a satisfação
Sou a maior gostosura
Amigo, eu sou a Loucura
Cantando um oito ao quadrão
Sem mim a vida é vazia
Não tem sabor, nem magia
É seca, menor e fria
Não tem gosto ou emoção
Eu sou toda coração
Eu sou a extravagância
Sou furor, vigor e ânsia
Nos oito pés ao quadrão