Sempre o beijo bem dado, mal vivido
E a ternura real, não verdadeira
Sempre o gesto acertado, não sentido
E a presença total, mas não inteira
Sempre a palaavra escolhida, não exata
O amor a que não basta, ser bastante
Sempre a prova de vida, que se mata
E a eternidade gasta, num instante
Sempre escolher ficar, querendo partir
Sem nunca ser capaz, de dizer não
Sempre tanto para dar, sem conseguir
Perder no que se faz, toda a razão
Mas, meu Deus, o que eu mudo quando canto
Não sei por que acertado, desconcerto
E ganho sempre tudo, ao dar-me tanto
E sempre o que era errado, fica certo