EMC
Ele era um homem que não queria falar
os pensamentos, os segredos queria ocultar.
Andava na cidade como um anônimo nada
confundindo-se com as pessoas, os tipos, as caras.
Entrar e sair sem ser percebido
respirar a sensação de nunca ser visto
Aquele homem vestia-se com mau gosto
e no esquecimento que mergulhara
já não se importava que os anos corriam,
nem que as fotos que marcaram a juventude
perdessem a importância
Aquele homem comia, pagava a conta e ia embora
sem responder aos olhares da garçonete.
Ele, forjado em vulgaridade,
era silêncio e vazio,
um vasto e solene campo aberto onde,
qual fosse a direção que se olhasse
avistávamos tudo e, ao mesmo tempo,
nada.