Ao sul, mas bem pro sul!
Aonde um alambrado sete-fios
Se levanta em coronilhas
E angicos de outros tempos
Aonde a quincha mora das carretas
Vai perdendo o santa fé
Pela frouxura dos tentos.
Ao sul, mas bem pro sul!
Aonde num potreiro frente às casas
Pasta o vulto em aspas claras
Do último boi franqueiro
E um potro com focinho pura terra
Sustenta a primeira guerra
Contra o ferro garroneiro
Ao sul, mas bem pro sul!
Um bando de nhandus sobe ao rodeio
E se mescla a gadaria
Que aprendeu a pedir sal
E o enxame de mirins da corticeira
Vai compondo o seu milagre
Fazer mel de flor bagual.
Ao sul, mas bem pro sul!
Hay gente que enxerga tudo isso
Cambicho, apego e feitiço
Ao universo do pouco
Potros, carretas, mirins
São principio , meio e fim
Da jornada destes loucos.
Ao norte, bem ao norte
Com pressa, sou andante das calçadas
De há muito matei o louco
Que parava a ver cigarras
Pousar sobre a aguada azul
Se teimo e volto a contar estrelas
Sempre encontro a última delas
Me pisca e aponta pro sul.