Gaivotas em terra de asas fechadas
Marujos sem rumo num banco dum bar
Barcaças dormentes no cais ancoradas
Meninas morenas que sonham casar
Preciso é que voem, que batam as asas
Preciso é que deixem as altas janelas
Preciso é que saiam a porta das casas
Preciso é que soltem amarras e velas
As asas são duas se acaso uma ave
Vier cortar céu lançar-se no ar
A barca só voga se a brisa suave
Vier ternamente casá-la com o mar
Marujos sozinhos, pensando outro mundo
Meninas em casa, fiando desejo
Preciso é que cruzem seu olhar profundo
Preciso é que colem as bocas num beijo
Preciso é que voem, que batam as asas
Preciso é que deixem as altas janelas
Preciso é que saiam a porta das casas
Preciso é que soltem amarras e velas