Madame Roquefort traz cada vez melhor o seu charme burguês
E já tem quase oitenta e três
Da Rua do Chichorro foi morar no morro mas fala francês
Sua garconnière tem bufê, étagère e um lindo sumier
Só tem filé mignon, maionese, champignon, champanhe e vinho rosé
(do bom Chateau Duvalier que é o que tem melhor buquê)
Já por volta das sete, ela pega o chevette e vai fazer balé
De sapatilha de croché,
Depois, no Arpoador, com seu maiô de tricô, ela não faz forfait
De bustier com fecho-eclair
E quando chega a noite ela vai à boate com seu chevrolet
Mas quem dirige é o chofer
E você imagine que nem no Regine's ela paga couvert
(É hors-concours na discotèque, opinião de Eddie Barclay)
Porém na gafieira, ela é bem brasileira no modo de ser
(collant grená, saia godê)
Comendo croquete, tomando grapette de pé no bufê
Com seu vestido de plissê
E quando ouve o trumpete, mesmo em fita cassete
Pega rouge e baton fazendo um charme pro garçon
Retoca a maquiagem pra manter a boa imagem
E sai dançando ao som de um belo solo de piston
Numa canção de Jean Sablon
E a neta de Madame, por mais que eu reclame,
Por sua vez, também não fala português
Seguindo tradição, sua comunicação é no idioma inglês:
(é tudo rap, body-board, CD-rom e CD-player)
Este país não é mesmo sério, já dizia um bom gaulês!