Ah! Ah! Ah!
Ainda dizem que ela é a “Rainha do Lar”!
Dona Encrenca, com o filho agarrado na barra da saia
Enquanto o Malandro está lá na gandaia
E disse pra ela que foi trabalhar
Dona Encrenca já está merecendo ser canonizada
Que, pra segurar essa barra pesada
Só mesmo uma santa ou um grande orixá
Ela rala 24 horas de noite e de dia
Nunca teve fundos nem tem garantia
E só de pés juntos vai se aposentar
Não tem férias, sábado ou domingo ou décimo-terceiro
Do tal do salário nunca viu o cheiro
E ainda é chamada “Rainha do Lar”
Ela arruma, ela cose, ela passa, costura e cozinha
Cria sete filhos e duas sobrinhas
Faz acrobacia pra grana chegar
Aos domingos, vende sacolé pras crianças vizinhas
Faz unha, faz pé, faz henê, faz chapinha
Num plano econômico familiar
Passa o dia da sala por quarto e de lá pra cozinha
E à noite ainda tem que estar bem cheirosinha
Gostosa, esperando Malandro chegar
Ah! Ah! Ah!
Ainda dizem que ela é a “Rainha do Lar”!