Escrevo meu livro à beira-magua
Meu coração não tem que ter.
Tenho meus olhos quentes de água.
Só tu, senhor, me dás viver.
Só te sentir e te pensar
Meus dias vacuos enche e doura.
Mas quando quererás voltar?
Quando é o rei? quando é a hora?
Quando virás a ser o christo
De a quem morreu o falso deus,
E a dispertar do mal que existo
A nova terra e os novos céus?
Quando virás, ó encoberto,
Sonho das eras portuguez,
Tornar-me mais que o sopro incerto
De um grande anceio que deus fez?
Ah, quando quererás, voltando,
Fazer minha esperança amor?
Da nevoa e da saudade quando?
Quando, meu sonho e meu senhor?