Vem dum mundo traiçoeiro
Hábil, resiste e se espalha
Bicos de pé sorrateiro
Se apodera de quem calha
Não tem voz
Nem se anuncia
Não se faz anunciar
Esvazia a vida e vazia
Quer-nos a vida tomar
Menos fé e mais recato
Ao destino que se apronta
Que até Deus se curva grato
A quem de nós toma conta
A bata branca em segredo
Entre o contágio e o medo
Sem medo de desistir
Sem medo do que há de vir
Sem contar horas, despertos
À luz duns deuses ocultos
Os nossos anjos secretos
São simples nomes e vultos
Sem rosto, cor ou idade
Num servir que é permanente
Que a gratidão de verdade
É pra quem cuida da gente
Não há mãos, não há abraços
Só um simples gesto faço
Pra te dizer como sinto
Não te encostar ao meu peito
Não te apertar do meu jeito