Seja breve, seja breve
Não percebi porque você se atreve
A prolongar sua conversa mole
(E não adianta)
Seja breve (conversa de Pedro)
Não amole
Senão acabo perdendo o controle
E vou cobrar o tempo que você me deve
Eu me ajoelho e fico de mãos postas
Só para ver você virar as costas
E quando vejo que você vai longe
Eu comemoro sua ausência com champanhe
Deus lhe acompanhe
A sua vida nem você escreve
E além disso você tem mão leve
Eu só desejo ver você nas grades
Pra te dizer baixinho sem fazer alarde
Deus lhe guarde
Vou conservar a porta bem fechada
Com um cartaz: "é proibida a entrada"
E você passa a ser pessoa estranha
Meu bolso fica livre dos ataques seus
Graças a Deus.
(Noel Rosa) - 1932