Eta vida
Que vida dura, senhor
Eta vida
Que vida dura
Eu não conheci pai nem mãe
A vida foi muito cruel
Dormia em calçada e degrau
Comia pão velho e pastel
Eu fui vendedor de jornal
Depois catador de papel
Bilheteiro federal
Também fui chofer de aluguel
Por fim camelô da central
Mais tarde eu entrei pro quartel
Saí do quartel pro bilhar
Fui freqüentador de bordel
Dormi no famoso solar
Vendi folhetim de cordel
Comia em pensão militar
Amava nos quartos de hotel
Já tive no meu calcanhar
Marido, fiscal, coronel
Parando três vezes no altar
Tereza, adelaide, isabel
Não sei se já fui malfeitor
Só fiz o que a vida pediu
Meus filhos vão bem, um doutor
E o outro engenheiro civil
Eu já bem velho aqui estou
Porteiro da indústria fabril
Não sei se sou bom cantador
Mas deu pra traçar um perfil
Da vida de um trabalhador
Dessa minha terra – brasil