Na estrada de chão batido
Depois que passa a boiada
Sinais de milhões de cascos
Ficam na terra pisada
Também no chão do meu peito
Morada do coração
Ficaram rastros de mágoa
Na estrada da solidão
Chão batido é terra dura
Onde não nasce capim
Hoje eu carrego um pedaço
Deste chão dentro de mim
Planto esperança e não nasce
Planto fé não dá raiz
Só a lembrança é que brota
Neste meu peito infeliz
A boiada da esperança
Há tempos já foi embora
Só há chuva da saudade
Dos meus olhos quando choram
Molha o chão do meu destino
Transformando em lamaçal
Sou folha no chão da estrada
Caída com o temporal
Na estrada de chão batido
Onde eu caminho tão só
Vejo a flor abandonada
Morrer coberta de pó
Eu comparo a minha vida
Com a vida dessa flor
Morri no pó do abandono
Ao perder meu grande amor
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)