Passando a velha fazenda
Aonde eu morei um dia
A colônia abandonada
Ali nada mais existia
As casas todas caída
O resto o mato encobria
O velho entulho eu virava
Pra ver se acaso eu achava
Minha velha moradia
Tomei por base a lagoa
A moita de igarapé
Onde ficava a morada
Do carreiro Josué
Senti no campo do peito
Saudade fazendo olé
Minha vista embaraçava
Da velha casa restava
Só uma parede de pé
Olhando os velhos vestígios
Fiquei prestando atenção
Tinha ali uma mancha escura
De fumaça do lampião
Era a parede do quarto
Do lado do varandão
Na ponta da moradia
Lugar aonde dormia
Só eu e os meus irmão
Achei um prego ainda torto
Enferrujado ali no chão
Onde eu pendurava um quadro
Da primeira comunhão
Perto de Nossa Senhora
Junto com São Sebastião
Ainda vejo o carneirinho
Com o seu pelo branquinho
No colo de São João
Velha parede de pé
Deformada e corroída
Suas marcas são minhas marcas
Da saudade dolorida
Você é a espinha dorsal
Da velha casa caída
Toda coberta de mato
É o retrato do retrato
Do que foi a minha vida