Vinte e três, verões num suéter,
Ela acorda às seis, bate o ponto às sete em ponto,
Computador liga diz oi pro seu chefe contador
Que então se derrete todo de amor...
Mas ela não perde os modos de encantadora flor da zona
leste,
Tão cheia de valor, do produto o fator em que ninguém
vai mexer,
Todo mês, do salário vai metade pro inglês,
E pra sua faculdade, tão sonhada de contabilidade
Que ela fez de sonho, realidade...
Mas talvez só a força de vontade não tenha levado à
felicidade
Porque a luz e o calor dependem do amor, isso ela não
entendeu
Mais no metrô... alguém chamou... e ela sorriu,
gelou...
Quantas leis, probabilidades, planos ela fez...
Pros futuros meses, anos...
Olhem só vocês, mas que ledo engano,
Naquela vez, só o doce olhar de um mano,
Já desfez tudo de cartesiano que havia no coração
suburbano de Marinês...