Descanso o fim do dia neste canto
Deixando o meu olhar às mãos do Tejo.
E canta o Tejo em mim quando te canto
E desce ao meu olhar quando te vejo.
Sinto ainda no cais as silhuetas
Do jeito e do bailado das varinas
E o dizer mais fadista dos poetas
Nas sombras das vielas, nas esquinas.
Desfez cores garridas da cidade
O sol que diz adeus do outro lado.
E assim como eu, amor da minha idade,
A cidade vestiu-se em tons de fado.
E a voz duma saudade então ecoa
P´las ruas que o luar anoiteceu.
Não sei se me perdi nesta Lisboa
Ou foi Lisboa em mim que se perdeu.