Se anunciou um desafio, pro um rodeio disputado
A grande prova de laço, lá no sul do meu estado
Cavalos e bons ginetes, vieram de todo lado
Só cabanha renomada, e crioulos confirmado
O prêmio bem valoroso, pra quem ficasse em primeiro
Dois potros bem ajeitado, e 200 mil cruzeiros
Cheguei no dia cedito, montado no orelhano
Um crioulo de serviço, presente de um paisano
Na hora das escrituras, ninguém nos deu confiança!
Cavalo e índio judiado nessas lidas das estancias
Notaram a falta da marca, mas não era exigência
E ninguém nos deu importância por falta da procedência
E foi ali na fronteira, quem tava testemunho
Nos deram o regulamento, e a prova se iniciou
Entraram os confirmados, confiando raça e papel
E chegou a nossa vez tapeie na testa o chapéu!
Sentei as garra no lombo, e montei bem a capricho
Tirei o laço dos tento de longe mirando o bicho
Bem calçado nos estribo, confiei na força do braço
Larguei o meu dose braça, tinindo a argola de aço
Botei nas aspa a preceito, e sentei pra sujeita
O pingo ficou parado, vendo o toro se ajoelha
Meu laço se desenho, entre a poeira e o chão
Recolhi a minha armada, e anunciam o campeão
Muitos chegaram pra perto, custando acreditar
Que um cavalo sem marca, fosse capaz de ganhar
E todos reconheceram, ginetes até patrão
De nada serve a beleza, quando lhe falta a função
Levei pra casa o dinheiro, e os dois potro
Confirmado, mas foi o meu orelhano
Que por lá ficou afamado
Se alguém chegar na fronteira, por certo
Vai escutar, a história do orelhano, que fez o toro ajoelha
A história correu o pago, e logo cruzou o rio
Igual esse meu cavalo, por ai nunca se viu
Não existe pelo o marca, pra quem quer ser vencedor
Cavalo nasce pra lida, e quem manda é o domador!