O sino da sinal pra avisar,
É o trem que vai partir da estação,
Os quileiros fazem fila pra embarcar,
Contrabandos que levam de jaguarão.
Vai sapajo, erva, açúcar e cachaça,
Na fronteira quantos quilos se passou
E o guri de pés no chão cobra seu peso,
Pelos bolsos que no trem ele embarcou.
Mais um dia que o vagão do seu destino,
No cesto sobram doces pra vender,
E o trabalho leva os sonhos do guri
Que não teve outra vida pra viver.
Vai o trem levando fardos de esperança
Só os trilhos ficaram na estação,
E o guri troca a infância pelos pesos,
Que ele guarda no bolsijo do calção.
Trem dos sonhos da fronteira
Leva ávida no vagão
Só não leva o guri de pés descalços
Que vendeu apenas doces de ilusão
Trem dos sonhos da fronteira
Que se foi pra não voltar
Levou junto a infância do guri
Que cresceu sem saber o que é brincar
Trem dos sonhos da fronteira
Leva ávida no vagão
Só não leva o guri de pés descalços
Que vendeu apenas doces de ilusão
Trem dos sonhos da fronteira
Que se foi pra não voltar
Levou junto a infância do guri
Que cresceu sem saber o que é brincar
Composição: Renato Jaguarão