Arrozeiro, arrozeiro
O destino deu um coice
Pra quem vivia no ouro
Do arroz cortado de foice
Era nós e os quero-quero
Quebrando as leivas da vida
O meu pai era taipedo
E eu me criei nessa lida
Mas oilalê tempo mala
Bagualisse que se foi
Aquela terra bolcada
A berro e coice de boi
Erguia parvas no braço
Num corte de quadra e meia
De noite numa bolanta
Cantava pra lua cheia
Eu era arisco na foice
Na vista erguia um taipão
Vinha cantando a cavalo
Tirando água do valo
Pra fazer um chimarrão
Foice, foice, foice, foice, foice,
Foice o tempo que passou
Foice, foice, foice, foice, foice,
Ficou a conta e a saudade me cobrou
Planta, planta ouro, dos arrozais
A gente quando planta sonha demais
Lavoreiro, lavoreiro
Não tem chuva, não tem frio
Cruzando com a pá no ombro
Percorrendo o taiperio
Rezando olhando pro céu
Pai velho manda pra baixo
Pois não pode faltar água
No arroz quebrando no caixo
A colheita foi bonita
O arroz está na mesa
Mas o caderno de contas
Vai arreglando a despesa
O destino é entaipado
Chuva de pedra medonha
Nem tudo que brilha é ouro
Na safra que a gente sonha
Eu era arisco na foice
Na vista erguia um taipão
Vinha cantando a cavalo
Tirando água do valo
Pra fazer um chimarrão
Foice, foice, foice, foice, foice,
Foice o tempo que passou
Foice, foice, foice, foice, foice,
Ficou a conta e a saudade me cobrou
Planta, planta ouro, dos arrozai
A gente quando planta sonha demais
Composição: Elton Saldanha