declamado:
(“Aquela linda criança quando pegava a tocá
Vinha gente de bem longe somente pra lhe escuitá
A sanfona em suas mãos fazia o sertão chorá
O seu pai e sua mãe tinha medo inté de oiá
Aqueles bonitos dedos nos teclado a trabaiá
O dom da nossa filhinha só Deus podia explicá”)
Certo dia não sei como parece até mardição
Numa cuia enferrujada ela estrepou a mão
O seu pai vendo o perigo já correu com aflição
Levá ela num doutor que lhe desse a sarvação
Três noite o véio ficô sem dormir lá no hospitá
Com a cabeça trapaiada começô a imaginá
Se eu trouxesse a sanfona pra filhinha se alegrá
Tocando uma varsinha ela podia sará
Quando ele trouxe a sanfona lá na escada do hospitá
O doutor muito assustado com ele veio encontrá
O senhor tenha paciência, é preciso conformá
Sua filhinha foi sarva, lá dentro vou lhe explicá
Quando o véio viu a fia compreendeu a explicação
A sanfona pela escada foi espatifá no chão
O doutor tinha matado a alegria do sertão
Pra sarvá a sanfoneira precisou cortá sua mão
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)