Luiz Carlos Borges / João Sampaio
Vanerão
Não danço em qualquer pulguedo, nem em festa de borracho
Não gosto de carrapato por que eu não sei qual é o macho
Se só o grande fosse güero não existiria o baixo
Eu nunca dobrei espinha pra touro criado guacho.
Não durmo como pé pra rua, nem como espinho de peixe
Não acredito em lorota por mais que a china se queixe;
Largo a piruada e quem se doer não enguasgue
Que eu brigo dando risada e meto no más, nem que rasgue.
Não monto em bicho aporreado, sem antes molhar o pelo
Eu nunca tosei o sapo porque nasceu sem cabelo
Não bebo leite na guampa, nem canha de borrachão
Gosto de um mate que espuma igual baba de redomão
Não asso carne no dedo, nem gineteio esqueleto
Mulher e porteira velha quando incomoda é um espeto.
Não como sopa de garfo, nem uso camisa fina
A chuva quando é de pedra pra mim parece neblina
Nunca gostei de barulho, e nem de chinoca franzina
E ainda não comprei auto por não gostar de buzina
E se me atrofio a goela pego peixe sem anzol
Boto canga no mosquito e toureio com o pala o sol.