Não sei de onde é que brota
A alma do chamamé...
Um dia a chama se esgota,
Mas até lá vou viver
Levando a vida estradeira,
Correndo os olhos no azul,
Cantando a sina campeira
Desse universo do Sul!
Meu povo agrário e guerreiro,
Sorvendo o rio Uruguai
Num chimarrão missioneiro
Soluça num sapucai...
Vão nele sonhos e mágoas
O olhar se alaga e revê
No espelho turvo das águas
A alma do chamamé!
A minha vida se espanta,
Não sabe ver o porquê
De carregar na garganta
A alma do chamamé!
Não há razão que defina,
De onde ou mesmo do que
A angústia que me domina
Na ausência do chamamé!
Vocação chamamecera,
Olor de terra e capim;
O espírito da fronteira
Que vaga dentro de mim!
A vida não tem amarras,
Pulsando nos emociona,
No encontro de uma guitarra
De um sapucai e cordeona...
Levo a querência nas botas,
Do instinto vou a mercê;
Não sei de onde é que brota
A alma do chamamé!