XUCRA E FORTE
Robson Barenho/Talo Pereira
Um potro baio galopa no rumo de meu olhar
Mas não tem potros a tropa que inda vejo a caminhar
Quem dera que fosse xucra, quem dera que fosse forte
Mas a força é de quem lucra as custas de vida e morte
No campo envolto em neblina o boi brasino se esconde
Mas meu peito desatina com ecos de não sei onde
Quem dera fossem debandas, quem dera fossem de sinos
Mas são gritos de quem manda desapropriando destinos
Em truco e jogo de osso a vida pára o momento
Pois não há agua de poço que se agite com esse vento
Quem dera fosse ligeiro, quem dera que fosse novo
Mas vento não tem parceiro e quebra os passos do povo.
Meus olhos de boitatá campeiam vida no escuro
Querendo sempre alumiar o caminho mais seguro
Quem dera que fosse perto, quem dera que fosse claro
Mas eu que rondo liberto, alerto, canto e não paro
Não há razão que se esconda, não há sonho que suporte
Meus olhos andam em ronda prá saber de vida e morte