NO BRAÇO ESQUERDO DA CRUZ
Gujo Teixeira / Xirú Antunes / Diego Espíndola
Um dia o que era vida
Tombou por conta do vento.
Depois ergueu-se na fé
Das mãos pedindo um lamento.
Nasceram todos da terra
E pra ela vão voltar.
Tão simples como ela própria
No seu modo de criar.
A simples folha que cai
Num gesto que a vida tem
É uma entrega desmedida
Sem ofertar-se a ninguém.
Velando a paz da partida
Madeira formou-se cruz
Sem iniciais e nem datas
Somente um facho de luz.
É a vida que sobe aos céus
Num ciclo que não se encerra
A alma partiu mais cedo
E o corpo mesclou-se a terra
As flores um dia vieram
Da terra fértil pra perto.
Receber os dois barreiros
Na cruz de braços abertos
Da terra compôs-se a casa
Sobre a madeira esculpida
À luz da simplicidade
Com asas que tem a vida
Só as almas sobrevivem
Para um dia retornar
Noutra vida, noutro corpo
Num Deus que soube criar.
Pois sei que a vida renasce
Nos rumos que ela conduz
Que um joão-de-barro fez casa
No braço esquerdo da cruz.