Comprei um Burro Picasso
De três anos mais ou menos
Na hora de dá o recibo
O tropeiro foi dizendo
"Cuidado com esse macho
Que ele tem fama de ser perigoso
Por ter matado um peão
O nome do Burro ficou Criminoso"
Joguei o lombilho no Burro
O macho se estremeceu
Apertei a barrigueira
O meu Burrão se encolheu
Pulei encima do Burro
O povo de perto de medo correu
Mas qual o quê minha gente
Pagão que me aguente
Ainda não nasceu
Cortei a crina do Burro
No sistema meia-lua
Pra cortar uma légua e meia
Meu Criminoso nem soa
Pra passar uma tranqueira
Passar uma porteira
Por cima ele voa
Faz eco pra todo lado
No passo picado
Das pernas da rua
Eu já vi Burro ligeiro
Mas igual esse ainda não
Enjeitei cinco pacotes
Do filho do meu patrão
Gosto muito de dinheiro
Cinco mil cruzeiros
Não leva o machão
E pra falar com franqueza
Não existe riqueza
Que leve o Burrão
(Esse Burro custa mais que o freguês pensa, tchê!)
por nelson de campos