(“Aprendi beber cachaça
Não sei se é luxo ou castigo
Depois que tomei o gosto
Quero deixar, não consigo
A calçada é minha cama
O sereno é meu abrigo
Mas se eu tenho opinião
É dessa forma que eu vivo
Eu acabo com a cachaça
Ou ela acaba comigo!”)
A cana é um alimento
Mais rico da agricultura
Da cana se faz açúcar
O melado e a rapadura
Da cana se faz a pinga
Tanto mata como cura
Mesmo assim eu gosto dela
Não agüento a gostosura
Bebo pinga com limão
De preferência bebo pura
Eu já estou acostumado
Eu topo qualquer mistura
Bebo de dia e de noite
Noite clara e noite escura
Só que eu fico muito alegre
Não agüento a gostosura
O viciado na cachaça
Tem que ter a cara dura
Às vezes não tem dinheiro
Ele deixa na pindura
Se amanhece de ressaca
Com a pinga mesmo ele cura
Por isso que eu bebo pinga
Não agüento a gostosura
Quem não conhece a cachaça
Não cometa esta loucura
A cachaça é igual a água
Tanto bate até que fura
Eu só deixo de beber
Quando eu for pra sepultura
Enquanto for vivo eu bebo
Não agüento a gostosura
O homem que bebe pinga
O povo todo censura
A mulher do cachaceiro
Leva a vida de amargura
O caboclo fica inchado
Pensando que é gordura
Se quiser inchá que inche
Não agüento a gostosura
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)