Numa vila do interior
No Triângulo Mineiro
Morava Zezé Baiano
Um senhor caminhoneiro
Era ali considerado
O melhor dos carreteiro
Sua esposa era leviana
Dos olhos claro e ligeiro
Era ali sua morada
E o marido nas estradas
Viajando o ano inteiro
Um dia chegando em casa
De uma viagem ao Iguaçu
Recebeu um forte abraço
Da esposa Marilu
Que contou-lhe uma história
A mulher de olho azul
Vamos ter um outro filho
Será lindo igual a tu
Pra realizar meu desejo
Eu preciso dar um beijo
No bico de um urubu
Para ver ela feliz
O possível ele fazia
Contratou um caçador
Ligeiro na pontaria
E saíram procurando
Para ver se conseguia
Nas fazendas ali por perto
Caçaram dois ou três dias
Mas naquela região
Nem no ar e nem no chão
Urubu não existia
E os tempos foram passando
E o menino nasceu
Quero ver o nosso filho
A mulher lhe respondeu
O malvado do desejo
Destruiu o sonho meu
Nosso filho nasceu preto
Minha alegria morreu
Pra sua mãe, dona Aurora
Ele foi na mesma hora
Contar o que aconteceu
Meu filho, o tal desejo
É uma barbaridade
Quando eu tava te esperando
Eu passei muita vontade
De comer carne de boi
Mas não tinha na cidade
Pra você nunca contei
A triste realidade
Mas agora eu conto tudo
Que você nasceu chifrudo
Essa é a grande verdade
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)